30 novembro 2016

Como lidar com quem fez ou pensa

“Por isso, te digo: perdoados lhe são os seus muitos pecados…” (Lucas 7.47)
Recentemente, senti necessidade de ler um dos meus livros favoritos de Francine Rivers, “Atonement Child” [A Criança da Reparação]É uma obra de ficção que conta a dramática história de uma jovem mulher cristã que descobre que está grávida depois de ter sido horrivelmente estuprada. Conta sobre sua luta com a pressão para interromper sua gravidez. No desenrolar da história, revela-se que tanto sua mãe quanto sua avó, por razões muito diferentes, fizeram abortos. O que nós temos são três mulheres através de gerações lidando com a questão do aborto e os efeitos trágicos em suas vidas e fé cristã. Eu li esse livro várias vezes porque me lembra da minha vida antes de Cristo e da sua maravilhosa misericórdia.
Uma coisa que realmente me impressiona é a forma como Rivers se concentra no trauma que essas mulheres sofrem. Elas foram devastadas pela escolha que fizeram. Ela pinta um quadro que me é muito familiar de mulheres que foram traumatizadas pela vida e atormentadas pelo remorso por suas escolhas. Infelizmente, há mulheres em nossas congregações que fizeram abortos e que podem estar aterrorizadas para falar a respeito por causa da vergonha, culpa e medo da recriminação. Nós podemos descobrir muitos fatos a respeito do número de mulheres fazendo abortos no Reino Unido e nos Estados Unidos, mas isso não é verdade quando se trata das mulheres em nossas igrejas. Eu suspeito que o número seja maior do que imaginamos ou que queremos admitir.
Nós sabemos que a Escócia tem a segunda maior porcentagem de abortos na adolescência do mundo(Cuba tendo a mais alta). As estatísticas estão começando a mostrar uma tendência perturbadora para o aborto no schemes. Um estudo em 2012 mostrou que na Escócia a taxa de abortos está, claramente, vinculada a altos níveis de pobreza, onde, de fato, a taxa pode ser o dobro de outras áreas. Mais uma vez, tragicamente, quase um terço das mulheres que fazem um aborto na Escócia afirma ter feito outro anteriormente.
Para as mulheres que querem trabalhar no schemes escocês, esta é uma questão muito delicada e difícil. Muitas mulheres com as quais estamos trabalhando fizeram ou estão considerando fazer um aborto. Eu acredito, absolutamente, que a partir do momento da concepção, o bebê é uma criança, tem vida, tem sido entrelaçado no ventre da sua mãe pelo Senhor – eu sou firmemente pró-vida. No entanto, mesmo quando não concordamos com a escolha delas, essas mulheres precisam de cuidado e graça para serem capazes de lidar com o trauma, a culpa, o medo e a dor com que muitas se deparam.
A mentira do mundo é que o aborto é a interrupção indolor de tecido. No entanto, não há nada indolor sobre esse procedimento, nem de longe. De fato, há muitas evidências que sugerem que existe uma clara correlação entre abortos e os efeitos negativos na saúde mental das mulheres. Não há facilidade alguma relacionada a tirar uma vida. Para muitas, isso corrói as suas próprias almas. Como podemos ajudar tais mulheres que vivem e adoram entre nós, como povo de Deus?
Onde começamos com aquelas que fizeram ou estão considerando um aborto?
Para as mulheres que não são salvas, eu acredito que precisamos falar, com compaixão e sem medo, a verdade bíblica e a esperança do evangelho de Jesus para as suas vidas. Há muitas razões que fazem uma mulher considerar o aborto como a única opção: medo, abuso, dinheiro e até mesmo como contracepção. Ela pode esperar que nós a condenemos instantaneamente, chamando- a de assassina e batendo com alguns versículos bíblicos bem escolhidos. Na verdade, pode haver um ponto onde ela sinta o peso da palavra de Deus. Mas a verdade bíblica falada com sabedoria e gentileza irá, espera-se, garantir que tenhamos mais do que uma discussão de 20 segundos. Nós devemos estar constantemente procurando trazer o evangelho para o centro do nosso aconselhamento quando lidamos com um assunto tão doloroso.
 Eu muito raramente falo sobre esse assunto por muitas razões. Principalmente, por ter sido uma dessas mulheres que tem vivido com medo, aterrorizada que as pessoas (os cristãos) descobrirão a verdade. Infelizmente, houve observações maldosas, comentários cruéis e absurdos inúteis e anti-bíblicos despejados sobre mim. Mesmo agora, quando eu compartilho o meu testemunho eu encontro maneiras de contá-lo sem realmente dizer as palavras. No entanto, apesar da seriedade do meu pecado, eu compreendi a imensa misericórdia e amor de Cristo e sou tão grata por Romanos 8.1: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.”
Como podemos ajudar os cristãos na dor, como igreja?
 1. Precisamos reconhecer que esse pode ser um problema para algumas das nossas mulheres. Há muitas mulheres que não estão vivendo na graça libertadora que nos foi dada e estão ouvindo a mentira de que seus pecados não foram apagados ou nunca poderão ser perdoados. Devemos ajudar a entender as boas novas de que há perdão vindo de Deus, mesmo para esse pecado.
 2. Uma boa prestação de contas vai, com o tempo, proporcionar-lhes uma pessoa segura, alguém em que elas realmente confiem para dar o salto e dizer a verdade. Quando esse momento acontecer, por favor, lembre-se de aconselhar gentilmente com compaixão e graça. Contudo, fale a verdade bíblica claramente. Provérbios 27.6: “Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de quem odeia são enganosos”.
 3. Lembre as mulheres sobre o evangelho e a graça maravilhosa que lhes foi dada, a liberdade que há em Cristo. Nós todos carecemos da glória de Deus e felizmente, através de Cristo, podemos ser restaurados. Lembre-as que isso é um processo que levará tempo. Não há respostas fáceis ou atalhos. Duras verdades terão de ser enfrentadas, mas crescimento e libertação pode e irá acontecer em Jesus.
 4. Nós precisamos ajudar as mulheres a chorar por seus filhos (eu sei que isso pode soar estranho, porque elas fizeram uma escolha ativa, mas acredite em mim, há muitas mulheres em luto por esses bebês secretos em terrível silêncio). Isso faz parte do processo de cura.
Eu não estou dizendo que nós devemos deixar de lado, em qualquer momento, nossas convicções pró-vida, tolerar o pecado ou abafar a verdade bíblica. Porém, estou sugerindo que deveríamos considerar todas as vidas que o aborto pode afetar. Eu reconheço que isso tudo foi a respeito das mulheres (eu tenho uma leve inclinação a isto). No entanto, para todos os milhares de mulheres que lidam com a questão do aborto, há também milhares de homens. Eu ouço o tempo todo que é “direito das mulheres escolher”, mas e o pai? Ele pode nem saber até que tenha sido feito. Não há escolha para ele. Como ele lamenta? Como ele pode perdoar e lidar com sua dor? Será que ele se importa? É uma questão tão complicada. Por isso que essa não é a palavra final, mas só o começo da caminhada com as nossas ovelhas feridas.
É por isso que a única esperança é, finalmente, a esperança do evangelho.
“… o Senhor ungiu-me para levar boas notícias… Enviou-me para cuidar dos que estão com o coração quebrantado anunciar liberdade aos cativos e libertação das trevas aos prisioneiros para proclamar o ano da bondade do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; para consolar todos os que andam tristes…”(Isaías 61.1-2).
Que o Senhor nos ajude a ajudar o seu povo, especialmente, nessa questão.
Por: Sharon Dickens. © 2015 20Schemes. Original: How Should Our Churches Deal With The After Effects Of Abortion?
Tradução: Eulina e Juan Siqueira. Revisão: : Yago Martins. © 2016 Ministério Fiel. Todos os direitos reservados. Website: MinisterioFiel.com.br. Original: Como lidar com quem fez ou pensa em fazer um aborto
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