Conta-se, há muitas gerações, uma belíssima história de amor. Uma história de um encontro. Um encontro de duas almas gêmeas. Um encontro de uma donzela com um rapaz.
Em uma terra longínqua e num tempo muito distante vivia um homem e seu filho. Há pouco este homem ficara viúvo. Sendo já velho e tendo dado ao seu único filho todos seus bens, percebeu que tinha dado tudo, mas que algo faltava ao seu filho. Algo que ele não possuía e que seus bens não podiam comprar, apesar de serem muitos. Este algo era na verdade, alguém. Não um bem, mas uma pessoa.
Providenciou para que seu mais antigo e fiel servo fosse à casa de sua parentela e procurasse por alguém para seu filho. Alguém que pudesse ser-lhe por amada. Alguém que o fizesse feliz e desse significado ao seu nome.
Preparativos concluídos, a caravana, de camelos e servos, se pôs a caminho. Partiram rumo àquela terra a qual seu senhor há muito havia deixado para trás. E com ela, a sua parentela.
Dias a fio e noites a frio a caravana prossegue. Depois de muitos dias, pararam junto a um poço de águas cristalinas. Sedentos, avistaram ali uma linda jovem a tirar água. Generosa, a moça inclinou seu cântaro e dessedentou a sede dos homens e dos animais.
Era ela! O servo não tinha dúvidas de que aquela bela senhorita era a mulher que ele procurava para o filho do seu senhor. Seu belo nome significava “Laço de Corda”. Comovido, o servo elevou uma prece de gratidão ao seu deus por esse encontro.
Consentindo em deixar a casa paterna, a moça recolheu seus pertences e na companhia de suas criadas seguiu o caminho de volta junto com a caravana.
Sobre seu camelo seguia o curso ao encontro do seu amado. Tendo a areia dos desertos sob seus pés, meditava sobre o seu prometido. Sob o sol escaldante das áridas estepes pulsava o seu coração, sobressaltado pela expectativa e pela esperança.
Ao passo compassado dos animais a caravana avançava, diminuindo lentamente a espera do encontro.
Lá ao longe ao cair da tarde, uma silhueta marcava o horizonte. Um pouco mais próximo e vê-se que é um jovem a meditar. “Sorriso” é o seu nome. Absorto em seus pensamentos e tendo por companhia o vento, este lhe trás o som dos camelos a se aproximarem. Sorriso levanta os olhos e vê a comitiva. Laço de Corda levanta os olhos e vê o jovem que caminha em sua direção. A moça apeia do seu camelo e vai ao encontro do rapaz.
Na proximidade dos corpos e das almas, os olhares se entrecruzam. Não há palavras, só olhares. Olhares de quem se sabe apaixonado. Amor à primeira vista. Amor ao primeiro encontro. O jovem está enlaçado pelos olhares da moça, Laço de Corda. A jovem está encantada com os olhares do moço, Sorriso.
Diz a história que o rapaz conduziu a moça para a tenda de sua mãe, cujo nome era "Princesa". Tomou a moça e esta lhe foi por mulher. E ele a amou profunda e perdidamente. Isso o consolou da morte de sua mãe.
História muito linda esta. A história de um encontro que se tornou um reencontro.
Sorriso encontra Laço de Corda, sua amada, sem nunca tê-la visto. Encontra seu grande e verdadeiro amor em alguém que nunca vira. Encontra nos olhares da moça a pessoa que buscava para amar. Ele encontra na companhia dela a paz que desejava. O consolo que precisava. A alegria de seu próprio nome.
Laço de Corda, por sua vez, encontra Sorriso, seu amado, sem nunca ter posto os olhos nele. Encontra seu um único e verdadeiro amor em alguém que nunca vira. Encontra nos olhares do moço a pessoa que sonhava para amar. E na companhia dele encontra o aconchego que desejava. O amor com o qual sonhava. A alegria no seu próprio nome.
Enfim, se reencontram com seu destino. Reencontram-se com seus familiares. Reencontram-se como duas almas que, separadas pelo nascimento, têm que aguardar o tempo certo, a ocasião certa para o encontro definitivo.
Rev. Dr. José Roberto Cristofani é Pastor da Igreja Presbiteriana Independente, Doutor em Bíblia e Educador.
Fonte: www.sapiencial.com.br